É com o coração pesado (pieguices e estrangeirismos à parte) que escrevo este post. Demorou quase sete anos, mas sempre soube que o seu tempo haveria de chegar. E depois de uma prolongada ausência forçada pela falta de ligação à rede, pensei que a vontade da escrita aqui me fosse jorrar dedos-a-fora mal voltasse à ligação. Mas entretanto já se passaram praticamente dez dias e desde então que não me tem dado vontade de me sentar à frente do computador e escrever o que quer que fosse por estas bandas.
Se há coisa que um canto destes tem de ser, é constante. Pode não ter ‘publicação’ diária. Ou mesmo semanal. Mas terá de ser sempre constante. Terá de ser um hábito que provoque hábitos e a verdade é que já vão longe os dias em que este burgo tinha essa mesma rotina como hábito primário. Longe vão os dias das postadas diárias. Eu mudei ao longo destes anos e comigo mudou naturalmente também a internet. As redes sociais mataram a blogosfera. Ou então, como me disse um amigo meu há dias, apenas veio filtrar e deixar unicamente os que mereciam ficar. Vejo-me forçado a concordar com ele. A verdade é que não foram as redes sociais que me forçaram a tomar esta decisão, até porque ela não foi forçada e nem sequer foi uma decisão. Foi simplesmente um processo natural, que culminou de forma natural até ao dia de hoje. O pensamento e a vontade de o fazer não são de hoje, isso é certo.
Já tinha alinhavado um sem-número de coisas que queria partilhar por aqui com as gentes nos próximos dias. Ficarão certamente por partilhar noutra altura. Ou até, por outros. É que já há várias pessoas que partilham aquilo que eu gostaria de partilhar. Que mostram aquilo que eu gostaria de mostrar e que dizem aquilo que eu gostaria de dizer. E, a menos que se possa (e queira) dedicar todos os segundos da vida fora do emprego enrolado na teia que é a internet, como forma a estar sempre em cima do assunto, não se traz propriamente nada de refrescante ou de novo à rede e a participação acaba por ser, a meu ver, redundante. A alternativa é então respirar-se mais, pensar mais pausadamente, ter tempo para investigar, ter tempo para escrever e ter um objectivo claramente definido, como forma a contribuir de forma regular, mas pausada, com algo que de facto contribua em alguma coisa. E a verdade é que até hoje não encontrei nada nem ninguém para levar algo do género a avante. Tenho imensa vontade de continuar a escrever. Seja para a rede ou para o papel. Mas gostaria de o fazer rodeado de outras pessoas, fazendo parte de uma equipa e de um projecto. E até isso não acontecer, não sinto que consiga escrever (ou queira expor a minha vida pessoal para conseguir escrever) algo que valha francamente a pena vir até aqui ler.
E assim sendo, fica para a posterioridade a carcaça destes que foram os últimos seis anos e oito meses da minha vida, com muitíssimos mais altos que baixos, é certo. E como produto secundário, ao melhor estilo da química, ficou registado praticamente um diário da minha vida. Not too bad.
O próximo passo então, será tentar ocupar os imensos minutos do dia que existem de forma diária desde que ponho pé fora do escritório até ao momento em que os meus olhos cerram e passo para o dia seguinte. Ficará, pelo menos para já, o Plutão Anão e umas quantas brincadeiras de sujar os dedos.
Não me vejo certamente a conseguir estar muito tempo de fora sem ter um sítio onde mandar pelo menos uma caralhada de quando em vez. Mas, creio, nunca num formato de blog com nome de bebida alcoólica. Mas também nunca limitado por cento e quarenta caracteres ou pela superficialidade do mundo azul.
A todos que ao longo do tempo que foram passando por aqui, para o bem e para o mal, os meus maiores agradecimentos. Proporcionaram-me momentos de extremo prazer numa época muito própria e propícia a tais interacções. E por tal, estou-vos muito gratos.
O próximo que vier que apague a luz.
I could go on my own, but I feel like playin’ dead
and for what feels like the first time
I don’t know where you are tonight
I guess that this is goodbye